segunda-feira, 14 de junho de 2010

Conto noturno

Eu acordei assustado naquela noite. Fazia frio e a Lua era cheia. Tive uma sensação estranha, de desconforto, de invasão... O frio que costumeiramente me era agradável me fazia mal, sentia-me invadido, vulnerável, infeliz, exposto. Levantei-me da cama, procurei meus chinelos, pois o chão estava gelado. Desci a escada vendo claramente o jardim interno da casa, pois as frestas em certa região do telhado permitiam a forte luz da Lua entrar abundantemente. Continuei a caminhar. Senti um certo conforto e alegria por aquela solidão, como geralmente me sinto quando acordo de manhã e todos ainda dormem. Mas naquele momento não era manhã. Era madrugada. A aurora estava longe! Nem havia "sombra" de luz. O medo tomou conta do meu ser de novo. Eu despertara de um sonho ruim e não me sentia muito bem. Estava com a sensação de que alguma coisa estava fora do lugar! Decidi ir ao jardim externo da casa. Abri a porta, senti o frio congelante daquela noite de outono e me sentei no batente da porta. Eu ainda tinha esperanças de que a aurora chegasse. Mas também queria que a noite perdurasse. De alguma forma, a noite, a solidão, o medo, o frio, o silêncio, o mistério me eram agradáveis. Levantei-me. Corri. Girei. Chorei. Joguei-me na terra, nem sabia o que fazer. Sabia que estava vivo, mas não sabia como viver. Prazer e dor. Amargor e amor. Tudo me era UM naquele momento estranho. Sentia que a minha vida não me bastava por ela mesma. Eu precisava de Alguém. Eu precisava de Alguém Divino - e só o Divino poderia - que desse sentido à minha vida, que preenchesse o meu coração, que me fizesse feliz - não vulgarmente -, que me abraçasse não só o corpo, mas também o coração. Pensei em Jesus, pensei no Espírito Santo, pensei no Pai. Era a Deus que eu procurava. Era do Eterno que o meu coração tinha sede. Chorei! Chorei de vazio, ansiando profundamente a Água Viva do Espírito. Pedi-a a Deus. Naquele momento eu extraordinariamente não temi se me olhavam, não me preocupei se me viam, eu repousava... Eu repousava nos Braços do Esposo, eu repousava nos Braços do Espírito. Eu era feliz. Eu estava em Paz.
A Paz que eu tanto desejava, que supria meu coração, encontrei nos Braços do meu Esposo e Amigo: O Divino Espírito Santo. Aleluia! Teu Amor me aqueceu naquela noite, Senhor. Teu Amor iluminou aquela escuridão. Tudo pra mim era novo. Eu me sentia tão feliz... Chorei de emoção. Vi as possibilidades de felicidade que eu ainda teria na minha vida. Alegrei-me, girei, dancei, cantei, louvei. Chorei. Sorri. Obrigado, Senhor, pois encontrei a Vida em Ti.


Emmanuel